domingo, 27 de dezembro de 2009

Rufem os tambores e estendam os tapetes, estou de volta, por tempo limitado!

Hola!

Feriado em Madrid e todo mundo viajando para...Madrid! Wow, a cidade está insuportável! Sábado passado saí para tomar café no centro, louca para tomar um chocolate com churros e...nada...nao consegui!

As ruas estao tomadas por Papais Noeis, Mickeys (tudo pela plata, dinheiro, bufunfa, ridiculo estamos na Espanha, nao na Disney, mas fazer o que se toureiros e dancarinas de flamenco nao possuem o mesmo efeito sobre os pequenos?), crianças e adultos com chapeus que imitam cabeças de hienas e perucas (aí vc vê como os pais ficam retardados quando os filhos sao pequenos), chineses vendendo velinhas de estrelinha, chineses vendendo batatas fritas, chineses vendendo armas de bolinhas de sabao, chineses vendendo as maes, mas sempre vendendo, sacolas do Corte Ingles que dao cria e proliferam nas maos das pessoas e muita falta de educacao! Te atropelam sem pedir licença ou desculpa!

Panico! Melhor ir para casa! Ligar uma musica, acender umas velinhas perfumadas e ler um livrinho tranquila, sem chineses ou hienas me atropelando...Piada, cheguei em casa e quase implorei para os chineses transformarem a minha casa em um shopping center!

O espanhol com quem vivo voltou com a namorada e na ausencia de bolinhas de sabao estourando na minha cara, meu nariz foi invadido por um odor hippie e meus ouvidos, por barulhos que me fizeram crer estar morando em uma produtora de filmes para adultos ou em um daqueles cinemas de familia do centro da cidade! Pqp!

Nao da pra abrir a janela pra nao ficar esse cheiro? Hummmmmmmmmmmmm, nao, pensando melhor nao, o som se propagaria pelo ar e aí eu acharia que era personagem do filme e nao ouvinte, mas entao acendam um incenso e sejam discretos!

Coloco o fone com a musica no ultimo volume e tento ler, mentiu quem disse que as mulheres conseguem fazer inumeras coisas ao mesmo tempo, a musica brasileira, misturada ao livro em ingles e a "trilha sonora" espanhola do quarto ao lado dao um no na minha cabeça! Desisto de ler e saio de casa outra vez, pronta para ser novamente atropelada por pessoas mal educadas!

E por falar em atropelamento, estava quietinha em Madrid, bem empolgada para passar o natal e o reveillon aqui ou o natal aqui e o reveillon em Barcelona, quando fui atropelada por uma passagem para ir ao Brasil entre os dias 19 de dezembro e 03 de janeiro, ou seja, espero reve-los em breve!

Sei que a época nao ajuda, fim de ano, todos histericos para terminar os trabalhos e comprar presentes, Sao Paulo anda pra la de caotica, cheias de enchentes e inundacoes, mas farei os meus esforcos para reve-los, ainda que creio que meu atual meio de transporte, um jegue, ja que meu carro foi convertido em um master, nao seja capaz de passar por tantas tormentas! Mas enfim, espero reve-los!

Quase tao feliz por ver a familia e os amigos, estou feliz por estar temporariamente salva de Woodstock!

Beijos,

Pri Carmona
09/12/2009

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

78 anos depois...Eu voltei, voltei para ficar...

Apareceu a Margarida! Hola Personas!

Aí chega uma hora em que a vida cai na rotina, um pavor para alguém que, como eu, odeia rotinas, as novidades deixam de ser novidades, os bares, nao todos porque em Madrid ha festa demais, ja foram visitados, o Palacio Real revisitado mais duas vezes, o Reina Sofia mais outras duas vezes, o Thyseen finalmente conhecido, o Rastro (mercado de rua madrileño) revisitado, a paella vira arroz feijao (hahahaha, essa é mentira, devo ter comido só umas 5x), o Retiro fica marrom por causa do inverno e pronto, some a inspiraçao para escrever!

Mas que injusta estaria sendo com as minhas visitas! E com o meu aniversario!

Para quem anda desatualizado, no começo de novembro recebi a visita de nada mais, nada menos do que 15 pessoas da minha família! Pode? Nao, nao pode, imaginem 15 Priscilas e Priscilos rindo e falando alto, dançando no metro, cantando nas Ramblas, conhecendo o Retiro no passo do elefantinho e sempre com alguns Barrichelos e Nakagimas 10 kms atrás dos demais? Nao que o povo andasse muito rapido! Jajajajajaja!

O fato é que por uma semana me senti a pessoa mais amada do mundo! Fui encontrá-los em Barcelona, de surpresa, com uma plaquinha na mao "Bienvenida Família Carmona" e desde entao so alegria, Pri pra cá, Pri pra lá, Pri sei lá o que, Pri qual é o número mesmo? (Tia So e Tia Clau essa foi pra vcs, jajajajaja!!!!!)

O bom é que te ajuda a combater a frieza com a qual vc vai se habituando ao morar fora, lembro que quando voltei de Coimbra demorei bastante até aceitar com naturalidade demonstracoes de carinho e receber um beijo ou um abraço era o fim para mim! O ruim é que toda a estabilidade emocional criada vai por água abaixo! Como sou grata a Ele por ter nascido nessa família! Vcs sao demais! Tks por todo o carinho e como chorei ao me despedir desse povo!

Mas nao deu tempo de chorar muito, afinal fiquei com eles ate as 2, 3 da manha de uma sexta-feira e ao meio-dia da propria sexta-feira la estava eu no aeroporto de novo, plaquinha pronta, obvio, mas que esqueci de tirar da bolsa, tamanho o meu sono, ueba outra visita brasuca!

E que delícia também! Diz a lenda que a melhor maneira de conhecer uma pessoa é viajando com ela, sensacional, porque fui positivamente surpreendida a cada minuto e ao final tive um fds genial, com a participacao especial de Kika, uma amiga dos tempos de Coimbra e que desde entao nao via, e que chegou no sabado para tambem ficar na minha casa! Salve a multiplicacao do sofa! Obrigada às duas pelo final de semana famntástico! Agora que já sabem o endereço, voltem, porfavor!

No mais, fiquei tanto tempo sem escrever que lhes digo que nesse meio tempo rolou: comemoracao do meu niver em casa com direito a bronca dos proprietarios do piso, ja que o vizinho ligou pra eles dizendo que ia nos processar por tanto barulho; festa surpresa com direito a bolo e velinhas na sala de aula; presentes de aniversario; jantar nobre de aniversario; almoco colombiano tipico em casa com direito a banhar o sofa com vinho tinto, pqp, sofri para tirar a manhca e, sobretudo, muita busca por trabalho!

A Espanha está numa crise sem precedentes e no "desespero" me candidatei até para ser "Rei Mago" de shopping center, jajajajajajajaja! Me imaginaram? Mas essa vaga acho que nao rola, afinal nos requisitos havia "homens entre 25 e 35 anos", mas sei lá e se, de repente, resolvem procurar uma Mamae Noel um pouco roliça, uma ovelha para o presépio, Maria, a mae de Jesus, x, vale tudo e pelo sim, pelo nao, os selecionadores devem estar chorando de rir com a minha candidatura!

Por fim, nesse meio tempo saiu uma das notas do segundo modulo (Financas) e tirei 9,5, a nota mais alta da sala, embora tenha feito o trabalho em pouco tempo e sob pressao, ja que minhas visitas brasucas estavam me esperando para jantar, o que só prova que visitas e carinho podem ser muito mais eficazes que horas e horas de estudo, ou seja, espero muitos outros hóspedes, ainda mais agora que o sofá cheira a Dove (sabonete branco, o melhor contra as manchas)!

Beijos com carinho,

Pri Carmona

Ah e para quem se assustou com o titulo do email achando que eu ja estava no Brasil, é só pra lembrar que qualquer dia eu volto! Embora tenha ouvido "vc nao precisa morar no Brasil, vc tem muitos amigos por aqui", um dia eu volto!

Lu, Li, Cris, Bi, familiares e demais amigos, muuuuuuuuuuuuuito obrigada por todas as ligacoes frustradas ou bem-sucedidas para me cumprimentar pelo meu niver! Obrigada também pelos emails e scraps!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Revisitando Coimbra


Era noite e caía uma garoa chata, suficientemente desanimadora, daquelas que nos deixa com vontade de ficar em casa, vendo filmes debaixos das cobertas.

Mas lá se iam 4 anos de lembranças, nostalgia, nao que eu nao tivesse ido à Coimbra no ano passado, mas estava cansada, uma das últimas paradas de uma viagem de 48 dias e havia gente, muita gente!

Embora adorasse o café com a janela voltada para a Praça da República, a música estivesse boa (Amy Winehouse) e as lembranças dos domingos em que reconstituíamos os fatos nao parassem de povoar a minha cabeça, fazendo-me ora rir, ora ficar com o peito apertado de saudades (Moni Ridi, Morg e Zé Nants, como eu me lembrei de vcs), decididamente era preciso ir até a faculdade. "Déia, volto daqui a pouco".

E saí na chuva, sem guarda-chuva, dane-se a minha dor de garganta, sempre associei chuva a prazer, bençao, lavar a alma e a cada passo, maior a ansiedade, até que finalmente chego às Monumentais (1). Wow, 125 degraus, divididos em 5 lances de 25! Bora!

A cada degrau um turbilhao de emoçoes, misturado ao peso e à preguiça que sempre me invadiram quando eu tinha que subir as escadas para chegar até as salas de aulas.

Coimbra marcou a minha vida. Me lembro do meu último e-mail, o de despedida, nao era exagero dizer que a partir de 2006 passaria a comemorar dois aniversários por ano, o dia em que nasci e o dia em que havia ido à Coimbra, porque decididamente Coimbra significava renascimento, renovaçao, reequilíbrio.

Em Coimbra livrei-me da mania de perfeiçao, do querer agradar a tudo e todos, do martírio ao ter que utilizar a borracha para corrigir os meus erros, do pensar mais nos outros do que em mim, do nao saber dizer nao, da necessidade de rotular as relaçoes (que m...insistirmos em dar nome ao que se vive, que se dane se é amor, amizade, namoro, nada, casamento, danem-se os nomes criados pela sociedade, o importante é ser amada/amar), da necessidade de estar sempre sorrindo (pqp, sou humana! nao é preciso fingir, fico triste, com raiva, nervosa, revoltada, p... com um monte de coisas e daí?), entre outros. Em Coimbra aprendi a falar e, sobretudo, a me ouvir!

Ui, quanto pensamentos, impossivel resumir tudo o que senti ao subir os 125 degraus!

Finalmente chego, dou boa noite à estátua do Dom Diniz, meus cabelos pingam, ao fundo avisto a porta férrea (2) fechada, que frustrante, terei subido até aqui e nao poderei ir até a Faculdade de Direito?

Insisto, ando até a porta, que graças a Deus nao está trancada, empurro-a e chego ao pretexto que na época arrumei para viver fora, ao princípio e ao fim de um ciclo, a aquele lugar mágico, onde o mundo parece ter parado em 1290 e o tempo parece desprovido de segundos, minutos e horas.

Nada mais importa, apenas a noite, a chuva a cair e a Lua escondida, a Cabra (3) toca, sinto-me abençoada e naquele lugar onde a tradiçao convive com a vanguarda (há cinco anos estudei Direito Espacial lá?!??!) e de imensurável significado para mim, socorro-me do silencio na tentativa de definir o que o linguajar humano ainda nao conseguiu.

Fico quieta, nao é preciso dizer nada, olho para o ceu e agradeço, sinto-me plena, feliz e isso basta!

A chuva aperta, a Cabra novamente me sauda. A vida continua, apesar da magia do momento parecer tê-lo congelado/eternizado em minha alma!

Felicidade...

Beijos,

Pri Carmona
http://www.pricarmona.blogspot.com/

(1) Monumentais - escadaria de 125 degraus que dá acesso à àrea da Universidade;

(2) Porta de Ferro, cheia de tradiçoes, que separa as demais faculdades da área da Faculdade de Direito;

(3) Cabra - na verdade é o nome de um dos sinos da Torre da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, mas todo mundo acaba apelidando a torre de Cabra. Seus sinos tocam de 15 em 15 minutos.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Finalmente casa - Madrid, outubro de 2009

Que tal, Chicos?

Aqui, inacreditavelmente, estou assando! Nao sei o que acontece com o tempo nessa cidade!? Era para estar em torno dos 7, 10 graus, como na semana passada, mas 23 graus?!?! Es demasiado!

Uh, la, la! Desse jeito passo o natal de biquini em Saint Tropez, ao lado das estrelas e nobres europeus! Piada, né? Acho que o máximo que farei no Natal é ir até a varanda de casa ouvir a festa dos outros para nao me sentir muito sozinha! Ao menos tenho a vantagem de estar na Espanha, onde todos falam bastante alto, se estivesse no Japao... Suicidio, na certa!

Bem, hoje finalmente me mudei de casa, havia jurado que nao faria "estardalhaço", festa, etc, que somente enviaria um email quando estivesse adaptada ao meu quarto (menor que o quartinho de passar roupa de casa), mas nao consigo!

Preciso dividir com os outros a alegria de morar a um espirro do Retiro, a uns passos do Museu do Prado, tá bom a muitos passos, uns 15 minutos, Reina Sofia, até esse apenas 10 minutos, juro, e etc! Em um ap. dividido com um espanhol, um polaco e uma norte-americana, com uma sala grande e até uma varandinha! Luxo por aqui! E quase 100 euros mais barato do que eu pagava! Economia a ser, obviamente, revertida em viagens e rumbas (balada no linguajar latino)!

Nao, nao moro mais em Salamanca, moro mais perto do centro e na mesma linha do metro da faculdade! Para comemorar, hoje, lembrando os meus tempos de estágio, quando ia de trem ao forum de Barueri e acordava em Presidente Altino, desesperada com medo de ter perdido o prazo (bons tempos, saudades), putsa, dormi no metro e acordei na estaçao final! Antes ficava mais ligadinha, mas como agora nao tenho que fazer nenhuma baldeaçao! Ts, já viu! Abracei a mochila e sonhei! Cheguei atrasada na aula!

E que aula! Primeiro dia da primeira semana de aula em ingles! Madre Mia, alguém pode dizer para o ator principal de "à espera de um milagre" (meu professor) tirar a bala da boca para falar? Feitas as provas, caí na sala "advanced" e agora além de entender inglês, me exigem que eu entenda esse dialeto que esse senhor fala! Porfavor?Resumindo, o único que entendi de toda a aula, foi "sorry, i´m late, may i?", que, por acaso, foi dito por mim!

No mais, continuamos comemorando! Um dia porque acabamos os trabalhos, outro dia porque nao teremos aula amanha, outro dia porque a aula acabou cedo, outro dia porque é aniversário, bom esse master! Sábado saímos para comemorar o aniversário de uma das meninas, mas nao a encontramos...e na busca desesperada pela aniversariante, 3 bares, 3 litros de sangria, uma discoteca e viva o ano da França!

Falei demais! É para compensar que nao abri a boca na aula de hoje!

Beijos,

Pri Carmona

A primeira noite a gente nunca esquece - Madrid, outubro de 2009

Hola, Guapos!

Bem, depois de um bode master por nao ter onde morar, dei até umas choradinhas diante da situaçao, resolvi que era preciso sair de casa, nao que um dia eu tivesse parado, e mandei email e sms para todo mundo que conhecia e nao conhecia!

Resultado - que noite de sábado! Jantei com umas amigas (Re, jantei com a Vero e cia, vc tem que vir nos visitar) e saí correndo para encontrar um amigo e uma amiga, até entao desconhecidos, mas com uma ótima indicaçao (Ka, finalmente conheci a Maria, que linda e que buena gente)!

Foi maravilhoso, conheci dois bares em Chueca, o bairro bohemio, gay, intelectual e divertido de Madrid, contei moedinhas, me contive em uma cerveja em cada bar, cerveja em euros custa muito e vi que Salamanca é um bairro pirro (Patricinha e Mauricinho) demais e até um pouco coxinha para se viver, o que ampliou bastante o meu leque de opçoes em busca do tesouro perdido = um quarto!

Resumindo porque sao muitos detalhes e sei que nem todo mundo está nessa boa vida de escolher o que fazer e em qual momento, terminei a minha noite numa balada chamada Charada, um lugar meio underground, com musicas bizarras e pessoas mais bizarras ainda!

Sensacional, dei muitas risadas e o melhor, fui do jeito que tava, calça jeans, sapatinho baixo, casaco, e me senti super bem! Nada daquela neura de gastar horas para se arrumar, como em Sampa. Tinha de tudo, all star, havaianas, bicos finos, heteros, homos, e, sobretudo, muitas meia-calças desfiadas, deve estar na moda nao é possível!

Destaque da noite vai para a Amy Winehouse espanhola! Meia-calca desfiada, como nao, shortinhos minusculo, soutien preto (juro), barriga de fora e claro, um cabelao com um mega topete de um lado e um laço preto de outro! Pode?

Sim, aqui nao só pode, como deve...Era uma fila no espelho do banheiro para fazer penteados exoticos, que Madre Mia! Detalhe, a pia sempre vazia...Só eu lavo a mao aqui?

No mais, quase conheci o homem da minha vida, bonitao, andaluz (= de Andalucia, regiao sul da Espanha), estiloso e artista plastico...

Ops....bonitao, estiloso e artista plastico em Chueca? Tststststs, diz a lenda que será homem só na próxima encarnaçao! Sorte do Fred, o artista plàstico com quem vivo atualmente...

É isso! Besos!

Carmona

PS: PARABENS aos que sobreviveram à jornada de DIPJ! Agora é hora de parar de brincar de sudoku, cruzadinha e voltar a trabalhar de verdade! kkk!

Mudança de endereço, Plaza Mayor, sem número - Madrid - outubro de 2009

Hola, Chicos!

Esqueçam tudo o que falei sobre o piso no último e-mail, sim, sou a mais nova sem teto de Madrid! Uma longa história, mas em resumo: quem disse que é só brasileiro que gosta de levar vantagem?

Pois é, 14º dia em Madrid e a primeira lição: desconfie de pessoas que usam rastas, elas podem estar querendo esconder mais do que um cabelo por trás das tranças imundas! Que decepção! Antes quebrar a cara agora do que mais para frente!

Conversando com os outros habitantes da casa, descobri barbaridades, mas ganhei dois "amigos" figuraças!

Fred, um artista plástico engraçadíssimo que acorda cantando e quebrou o galho de me emprestar a sua chave hoje, já que a minha foi gentilmente tomada, e, Aitziber, uma española bem sangue quente que disse que se soubesse das mancadas da Montse conosco antes, teria nos convidado para fazer um acampamento em seu quarto!

Saíremos todos dia 01º de novembro, ou seja, estou de volta aos processos seletivos espanhóis = busca por piso! Como a procura é muito maior do que a oferta, haja seleção! Tá pior do que medicina na Fuvest! Torçam por mim! Se ainda fosse igual ao processo seletivo da PwC = com algumas margens de erro, olhem para mim, certamente já teria casa! Mas como não é...

Por fim, segunda lição de Madrid ou melhor universal, mas que me recusava a acreditar até agora: decididamente ódio e amor caminham juntos! Até ontem odiava gatos e hoje amo o Bajo, o mascote da casa! Olho pra ele e tenho vontade de chorar em pensar que vou deixá-lo aqui! O bichano é mega inteligente e carinhoso! Me preocupo pensando em todos os chicos por quem um dia senti algum sentimento próximo a ódio...pqp! Espero que a teoria só se confirme com felinos!

É isso, cartas, e-mails, presentes: Plaza Mayor, sem número! Respondendo à pergunta da Van, sim, tem UIFI (WIFI na pronúncia espanhola) lá! Estou feita!

Beijos com carinho!

Pri Carmona

PS: Apesar das brincadeiras, não se preocupem comigo! Graças a Deus e à bondade humana, tenho onde ficar depois do dia 1º, caso ainda não tenha encontrado um piso!

PS2: Detalhes dos examinadores do vestibular em um próximo email! Apenas adiantando um pouco, ansiedade é f..., estive hoje com a sósia da Donatella Versace!! KKK!!

De volta ao velho continente - endereço Madrid - outubro de 2009

Hola, Personas!

Atendendo a pedidos, segue um e-mail com as últimas novidades!

A chegada em Madrid foi maravilhosa, aliàs, nao dava para ter sido diferente, essa cidade é genial e tive o privilégio de ser muiiiiiiiiiiiiiiito bem recebida pela Gui, a caridosa dona da casa onde ficarei por mais uns dias (tks pela indicaçao, Marcao, essa é pra casar, hein!), pela Pati, brasuca gente bonissima que ja esta aqui ha um tempo (tks pela indicacao, Val, estamos esperando vc e o Mau), pela Cá, velha conhecida de Coimbra, e pela Vero (orbigada pela indicacao, Cynthia!!!), que me apresentou a mais umas sete espanholas, com quem tomei umas cervezitas sábado e conheci o Yellow K de Madrid! Lembrei mto do povo do Mack e da PwC!

Mal cheguei e já saí para ir atrás de quarto! Teve cada piada! Quarto de empregada que mal cabia uma cama, quarto separado de outro quarto por um vidro e uma cortina, banheiro dentro da cozinha, o que vi em duas casas diferentes e etc!

Teve uma desilusao, amei um piso ao lado do Retiro, mas fui rejeitada pelos proprietarios da casa (kkkk), o que fez ressurgir o sentimento de rejeíçao dos Jogos Juridicos de 2004, quando assaltaram a nossa casa, experimentaram todas as minhas roupas e nao levaram nenhuma! Devo ser muito brega mesmo!

Mas apesar da rejeiçao, tendo em vista a fé de que se aquele piso nao deu certo é pq havia algo de melhor reservado para mim, mantive a calma e até dei umas saidinhas para me divertir um pouquinho!

Finalmente, depois de algumas tapas (Wi, fala para o Pai que estou me matando de comer calamares e o agradeço porque foi ele que me ensinou a gostar de calamares, como prato de entrada do Lellis), alguns vinhos (delícia) e unas cervezitas, encontrei a minha casa!

É um piso em Salamanca, melhor bairro de Madrid, que dividirei com uma espanhola muito alternativa e gente boníssima com uns rastas na cabeça (já estou me imaginando recolhendo rastas pelo banheiro e nao fios de cabelo), uma francesa professora de flamenco, um(a) terceiro(a) habitante ainda desconhecido e um gato persa! Virzi, um gato? Sim, um gato, é chegada a hora de perder o medo dos felinos...

Só me mudo pra lá dia 15, mas já anotem o endereço para pesquisas no google maps, cartas (será que alguém ainda escreve?) e eventuais visitas: Calle Lombia, 8 - 2.1., CEP 28009, Salamanca, Madrid!

No mais, ontem comecaram as minhas aulas e madre mia, tive vontade de chorar! Aulas das 13 as 21 e com uma galera mtoooooooooooooooo boa! Segunda aula e começamos a resolver um caso de reestruturaçao societaria (como assim? achei que o primeiro dia fosse so de apresentacoes!), senti-me a mais BURRA perto da galera que estava ali!

E desde ontem, vida nova, chega de cervezitas, vinhos e tapas de boas vindas a Madrid, é preciso economizar, estudar (o curso vai ser bem pauleira) e ir atrás de um job!

Já escrevi demais!

Beijos com muito carinho e saudades!

Pri Carmona

PS: Mas me deu uma coceirinha ao passar pela vitrine da Zara e da Stradivarius hoje...

PS2: Marst, quer me fazer morrer de chorar? Achei um dos seus bilhetes hoje, madre mia! Vi que tem mais, mas vou le-los em doses homeopaticas!

PS3: Ngm merece passar calça social!

PS4: Aos que me escreveram email, peço um tiquinho de paciencia, responderei todos ate o final de semana!

Welcome to Russia - viajando em 2008

Ow, pra variar perdemos a hora, essa historia de emendar balada com trem ou aviao nao esta dando mto certo, mas ok, corremos mto e conseguimos chegar a tempo de pegar o trem p S. Petesburgo! E, de quebra, ainda aproveitamos a ultima noite em Helsinki, uma das melhores!

O trem eh meio tosconildo, mas ok, as poltronas reclinam, teremos umas 6 horas de sono ate a Russia ou nao!!! Decididamente nao!!! Olham os nossos passaportes 3x, da ultima vez levam-os embora e anunciam que nao podemos sair dos nossos lugares ate que os tivessemos de volta!!! Meu xixi ja esta na guela, mas eh preciso aguentar, pensou nao entrar na russia por ter ido fazer xixi???? Minha revolta eh tanta e minha vontade de fazer xix tamanha que morro de vontade de sair gritando "Viva a Georgia" pelo corredor, mas espero a vontade passar!!!!

Finalmente, recupero os meus passaportes, rostos rudes, expressoes bravas, o trem para, corro para fazer xixi e quando vou dar a descarga vejo o aviso de que o banheiro somente poderia ser usado quando o trem estivesse em movimento!!!! PQP!!!! Ainda bem que ja tinha minha licenca pra entrar na Russia!!!!

A chegada ao hostel eh tensa, nenhuma indicacao, realmente ninguem fala ingles, um policial tenta nos ajudar e se irrita cada vez mais!!!! Quase grita conosco pq nosso email esta em ingles, no minimo engracado, antes de chegar a ser tragico!!!!

Finalmente conseguimos entrar no hostel!!!! O predio cheira a xixi, alias a cidade inteira, certamente eh o pior predio em que ja estive, conseguiu ganhar de Cracovia, o quarto razoavelmente ok, mas apenas 2 banheiros para 20 pessoas!!!!

Mais tarde, tomo banho e tenho que sair correndo, pq o recepcionista fica batendo na porta, dizendo que inundei o andar de baixo e o vizinho estava brigando!!!! Bizarro!!!! Ninguem me avisou que era proibido tomar banho!!!!

Saimos em busca de comida as 23 e tanto da noite, sem saber, acabamos entrando em um restaurante azerbaijano e, sem uma gota de alcool no sangue, juro, eu e a Marta (alema com quem morei em Coimbra) nos tornamos o centro das atencoes dancando ao lado das azerbaijanas!!!! Choro de rir!!!!

Comeco a achar S Petesburgo mais bonita, o que se confirma quando chego no hostel e sou recebida com um copo de vodka!!!! festa na cozinha!!!! mal saberia o que veria la dentro!!!

Resumindo, a Russia eh uma selva, se achava que em Berlin e Helsinki as pessoas eram loucas e Estocolmo, exageradamente rosa (a melhor cidade ate agora, com certeza), eh porque ainda nao conhecia a Russia!!!

Nao quero nem ver os proximos dias!!! Precisamos de interpretes!!!

beijos!

78 aeroportos em menos de 72 horas - viajando em 2008

Queridosssssssss!

E-mail breve pq a internet é cara e o tempo escasso!

Enfim, enganou-se quem achou que os equivocos aeroportuarios parariam com a troca de GRU por Congonhas! Perdemos o nosso vôo para Berlin na manhã do lindo dia de hoje!

Ate agora soh trapalhadas, das feias, voltei a ser mais portuga do que nunca e muitas risadas!

Breve resumo - estamos dormindo no quarto de um sr. q morreu há menos de uma semana, ficamos trancadas do lado de fora da casa no meio da madruga, enlouquecemos as vendedoras da zara com o jogo de peças entre dois vetsiarios de lados opostos, ficamos sem comida e transporte às duas da matina, finalmente conseguimos comida e entrar em casa e fomos comer na varanda para nao acordar ninguem com o barulho e qd achavamos q nada mais podia acontecer, entraram no banheiro cuja janela dá para varanda e só restou rezar para que o numero escolhido fosse o um!

Pode? Pode e pra encerrar, banho de lencinhos umedecidos, corrida ate o aeroporto, bem ao estilo europeias, sem tomar banho, jumbo de lenços umedecidos e saco de dormir na mao e descobrimos q o check in ja estava fechado ha 5 minutos, arghhhhhhhh..

Pensam que acabou? Nada, só há pouco entendi o pq estava apitando em todos os lugares pelos quais passava, esqueci de devolver a plaquinha de 6 peças da Zara e ando apitando por todos os lados! Genial!

Portugal continua magico! E eu mais atraplahada do que nunca!

Beijao

Roda-Viva, voltando para casa - janeiro de 2006

"Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá"

Falem Pessoas Queridas!

Sei que meu email, o último, tô voltando pra casa, pra formatura, pra A.A.A, entre outros, deveria ter um tom mais alegre, afinal tive um ano perfeito, mas vamos combinar que tá difícil, muito difícil, "copiou farinha?"

É claro que estou feliz por rever os amigos, a família, minha avó linda e até meu cachorro, mas é penoso colocar um ponto final na que foi a melhor fase da minha vida, fase em que chorei muito sozinha, senti a avassaladora e cruel solidão de perto em um quartinho escuro com uma janela pequena, senti de verdade saudades e dor por causa dela, mas também realizei inúmeros sonhos, morei em um país diferente, viajei pacas, como viajei, festejei bastante, fiz novos amigos, me apaixonei e curti ainda mais as artes plásticas, música e literatura, entre outros.

Enfim, não é hora de lamentações, fui a pessoa mais feliz e realizada nesses últimos meses, vim para cá em busca de amadurecimento e acho que consegui alcançá-lo (óbvio que parcialmente, afinal somos eternos aprendizes), sou feliz, muito feliz por isso, aprendi a viver, a ter qualidade de vida (decidamente sampa é desumana, vou fugir daí assim que me formar), finalmente dei um dane-se para o que as pessoas pensam de mim, abandonei a minha ridícula pretensão de tentar ser perfeita e agradar a tudo e a todos e também a minha ânsia em querer abraçar o mundo e fazer 700 faculdades e 500 estágios ao mesmo tempo, revi todos os meus conceitos e hoje vivo pra mim e por mim, não virei egoísta, só deixei de ser aquela criança que chorava no jardim de infância quando errava e tinha que usar a borracha e que sempre tentou agradar toda a família, professores, amigos...O aprendizado foi tanto que a partir deste ano passarei a comemorar dois aniversários por ano, o dia em que eu nasci e o dia em que vim pra Portugal. Ah, o próximo é a semana que vem! Dureza, hein, Cris, teremos que ressucitar a Kimmy!

E é por tudo isso que hoje sou só agradecimentos, agradecimento aos meus pais pela oportunidade, confiança e carinho, ao Wi pelo eterno apoio (vc foi o único que captou que estudar era pretexto, filho da mãe, às vezes acho que vc me conhece mais do que eu mesma), à minha Avó linda por toda a saudades que me fez sentir (certeza que foi por ela que mais chorei) e pelas ligações frequentes, à família que sei que torceu por mim (tia Marly e suas sagradas ligações todos os domingos, Meroca e a sua inesquecível visita e ouvido amigo, Wladao pelos emails, Tia Clau e Tio Wil e Lissandra pela cia. no msn, Tia Maile, Wagnão, enfim, todos os tios e primos lindos (Mi, Ka, Gi, Re, a dupla ovski - Cyrovski e Juliovski, Si, Wal, André...) que privilégio ter nascido na família Carmona!!

Agradecimentos também aos amigos que me incentivaram e que me deixaram morta de saudades, Bi, Cris, Malu, Hilb, Cor, Karin, Pi, Aninha, Karina, Flavia, Ellen, Pá Banana, Tiago, Karime, Ines, Carolzita, Kmis, Klebs, Le, Ro, Fer (o da dança de "Quem vai ficar com Mary", vc também tá na lista, cabeção!), Marvina, Jo, Profs. Rita e Fornaciari, Amandinha, Re e seus "se cuida", Gabi, Ghe, Vivs (quero a festa e a recepção com AQUELES CONVIDADOS, hein), etc.

Agradecimentos aos amigos que viram família quando estamos longe de casa, a cave vai ficar pra sempre no meu coração, Mualide (madrasta, nutricionista, conselheira...), Jenny, Yasmine, Marta Psicopata (te espero no Brasil para abrirmos a nossa discoteca!), Margreet, Kika...Obrigada por tudo, amo vcs! Xac, vc também tá na lista!

Agradecimentos também à turma do 2º semestre, Carol, Patis, Fer, Ana, Lucas, Kelen, Marcelle, Marina e nosso curso em Haia, Fer de Ponta Grossa e Vivi (as melhores cias. para se jantar às sextas!), enfim à toda a patota brazuca que tornou meus dias mais alegres aqui em Coimbra, em especial Morgans, Moni (salve vizinha do narizinho bizarro), Zé Nants, Déia, Camis (te vejo em breve), Martinha, minha irmã portuga e toda a sua família e Su e Pedro (obrigada por terem vindo ao jantar).

Enfim, a lista é enorme e os nomes não citados não foram pela irrelevância, pelo contrário, mas sim pela falta de memória em momentos de lágrimas (como sou chorona, Coimbra está pra lá de alagada) e de espaço!

Aos que ficam, meus votos de felicidade e minha saudades antecipadas e aos que estão no Brasil, só de pensar em reencontrá-los em breve, já fiquei bem mais animada.

O início do email se justifica porque se pudesse, ficaria mais uns meses em Coimbra, todavia ainda não sou dona do meu destino e o estado apertadinho que se encontra meu coração me dá a exata impressão que tive a minha vida atropelada por essa "roda-viva", enfim, como tudo nessa vida tem seu tempo, é chegada hora de ir embora, continuo adepta da frase que diz que "tudo que é bom dura pouco", mas hoje acho que o mais apropriado é aderir à frase que li na embalagem do serenata do amor (sim, Piveta, além de psicologia barata, também sou adepta da filosofia e literatura barata) e que diz que tudo que é bom dura o tempo suficiente para tornar-se inesquecível!

INESQUECÍVEL, essa é a palavra, como fui privilegiada nesses último 11 meses e alguns dias!

É isso, galera, desculpem-me pelo tom emocionado e dramático, além de uma mãe dramática, também fiz uma senhora amiga dramática por aqui (Morgans é com vc mesmo! Segura as pontas!),

beijao e até breve, muito breve, até amanhã!

Pri, imensamente agradecida a todos os que leram os meus emails e responderam-nos ou não!

PS: À A.A.A, ressucitem a Carmona porque depois de um tempo de Jussy quem volta para o Brasil é a Princesa Rosa, sim, patético, mas real!

PS2: Aos que forem me pegar no aeroporto, o meu pedido antecipado de desculpa, é que vou sair da minha despedida direto para o bus que vai pra Lisboa, portanto, vcs correm o risco de me encontrar cheirando cigarro e de ressaca! Desculpa, desculpa, desculpa, desculpa, mas aos que forem para a casa depois, prometo tomar um banhinho e abraçar um a um decentemente, ok!

Italia - dezembro de 2005

Ciao Ragazze e Ragazzi!

Felice 2006! Pessoas queridas, sei que escrevo com atraso, mas acho que ainda a tempo de desejar Feliz Ano Novo, queria ter escrito antes, dia 06, dia que retornei de viagem, mas como brasileira que se preze, continuo deixando tudo para o último segundo e mal cheguei de viagem, fui direto fazer prova e desde então me encontro atolada em uma rotina diária de 6/8 horas de estudo (rsrsrs) e muitas noites mal dormidas.

A receita para a chegar ao auge do "stress" é fácil, mais ou menos assim - durma bastante, o máximo que conseguir, viaje mais ainda, saia "pouco" e beba na mesma proporção, tome ao menos 3 cafés por dia e com diferentes amigos, passe os dias ouvindo boa música e lendo, lendo muito, mas claro, nada que tenha a ver com a faculdade e pronto, misture tudo e vc estará à beira de um ataque de nervos de tanto estudar ou a um passo de "chumbar".

Pois é, depois de 3 meses em "que morri, fui para o céu e esqueci de avisar as pessoas", segundo a definição da minha vida por uma amiga, desci para a terra e só voltei a respirar hoje.

Bem, a viagem para a Itália foi inesquecível, não pela extraordinária beleza do país, porque para falar bem a verdade, criei tanta expectativa que confesso que esperava um pouco mais da botinha, mas pela hospitalidade do povo, pela alegria que se sente no ar, pelos homens muito bonitos e charmosos (sim, os italianos são tudo de bom, que o diga a galeria de fotos que fiz!), pelas mulheres pra lá de vaidosas, pelas livrarias paradisíacas e baratas, pelos museus, pelas pizzas, massas e sorvetes! Wow, engordei bastante!

É difícil contar em detalhes e passar a minha empolgação enquanto estava naquele país, depois de tantos dias do término da viagem, mas quem tem lido meus emails já pode deduzir que....que a Itália é mais um país candidato ao meu próximo domícilio e que eu adoraria viver um tempão lá, não só pelo caos, sujeira e barulho de Roma, compensado pelo ballet realizado pelos passáros todos os fins de tarde, pelo Coliseu, Fontana di Trevi, Piazza Campidoglio e o magnífico museu que a mesma abriga, entre outros; pela alegria de Napoli (me apaixonei por tanta bagunça); história de Pompéia; magia de Veneza (mudamos os nosso roteiro e ficamos 3 dias lá), homens lindos e charme de Pisa e Pádova; esculturas de Michelangelo e muita arte em Firenze, mas, sobretudo, como já disse anteriormente, pela hospitalidade, simpatia e alegria dos italianos.

Abusamos do Hospitality Club e pagamos apenas 4 noites de albergue em toda a nossa viagem e posso dizer que hoje, além de uma família brasileira e uma portuguesa (salve Famalicão), também tenho uma família italiana, parte em Napoli e parte em Veneza. E apesar do incômodo e certo risco que se corre, hospedando-se em casas de desconhecidos, depois de conhecer essa modalidade de viajar, enquanto tiver pique para aventura e viajar sozinha ou com quem topar tudo, dificilmente abrirei mão dos amigos do Hospitality Club.

Tivemos dias inesquecíveis, Natal com direito à Missa do Galo e Reveillon com direito à gôndola e festa em Veneza, a única coisa que me preocupa um pouco é que dizem que o que vc faz no primeiro dia do ano determinará o seu destino para o resto deste e como se não bastasse ter passado a virada solteira, ainda tive que limpar o vinho que não soube se comportar no estômago da minha amiga, ou seja, se depender da lenda, as previsões para 2006 são as piores possíveis, mas tudo bem, a Itália vale a pena, nem que tenha que virar freira e faxineira oficial dos excessos dos amigos!

É isso, tenho estudado muito e a minha criatividade e maneira de escrever foram profundamente afetadas, desculpem-me pelo email sem graça!

beijão e até breve!

Pri, que no auge da sua pretensão comprou uma edição da Divina Comédia em italiano e demorará 10 anos para lê-la, assim como as melhores história de Shakespeare em inglês, Dom Quixote em espanhol....Sou uma comédia, mas ao menos o último livro que comprei (o melhor de toda a minha vida) uma bíblia sobre a História da Arte é em português, estou apaixonada pelo "bichinho", agora a meta é ser crítica de arte...rs!!!!!

Auschwitz -uma subida ao inferno - dezembro de 2005


Finalmente, o último!

Escrever esse texto foi o mais difícil. Reviver lembranças, sons e cheiros que meu consciente procura esquecer quase que diariamente, me causou um pouco de tristeza, revolta e agonia.

Nunca havia pensado em visitar dois campos de concentração, mas às vezes a vida dá umas voltas que acaba nos surpreendendo e ultimamente meu interesse pelo judaísmo e pelo holocausto avultou-se de tal maneira que tornou-se necessária uma ida a Auschwitz e um retorno à II GM.

Haddad, o autor do livro "O dia em que Lacan me adotou" fala que sem que nos demos conta, o nosso inconsciente acaba direcionando a nossa vida. E foi assim que fui parar em Auschwitz, inicialmente tendo meu interesse pelo judaísmo e pelo holocausto despertado pelo próprio livro de Haddad, a seguir pela idéia de fazer o meu trabalho de Direito Penal da Comunicação julgando a propaganda nazista (idéia vetada pelo meu querido prof.), tudo isso conjugado ao fascínio exercido pela visita à Sinagoga del Transito, em Toledo, em agosto, à Casa da Anne Frank, ao Memorial Judaico em Amsterdam...fez com que tomasse corpo em minha mente uma curiosidade sem tamanho acerca do tema.

Um dia na cantina, um amigo me disse que eu era pirada pelo holocausto e pelo judaísmo. Me espantei com a afirmação no momento, mas era verdade, quando dei por mim, estava completamente absorvida pela leitura de 4/5 livros sobre o holocausto e seguindo a trilha de todos os monumentos que evocassem o assunto. Decididamente era preciso ir a Auschwitz.

E não me engano ao começar o texto escrevendo uma subida e não uma descida ao inferno, porque se é verdade que para baixo todo santo ajuda, o contrário não é válido e visitar Auschwitz é muito, muito, muito difícil.

Desta maneira, embora houvesse me preparado mutio psicologicamente para fazer tal visita e já tivesse saído de Portugal com esse dia no roteiro, o tempo todo a minha razão vacilou e minha emoção deu sinais de que não sabia se queria mesmo ir para Auschwitz.

Inicialmente quase mudando o roteiro e ficando os 4 dias da viagem em Praga, depois pensando em desencanar de ir para Auschwitz e curtir Cracóvia por mais um dia, posteriormente, no dia da visita, inventando uma dor no corpo, motivo para dormir mais um pouco e não ter tempo para visitar o museu (como chamam o lugar atualmente) e por fim, chegando ao museu, enrolando mais de uma hora entre café da manhã, ida ao banheiro, vista de livros, mais um chocolate quente...Mas não adiantava, depois de 2 horas de viagem de Cracóvia até ali, leitura de livros sobre o tema e o "treinamento" psicológico de quase um mês, era preciso ter coragem e encarar de uma vez por todas o inferno, historicamente chamado de Auschwitz.

Logo na entrada a paisagem é chocante. Muitas cercas de arame farpado, uma enorme guarita e uma placa dizendo que "só o trabalho liberta".

Em Auschwitz, os antigos blocos, cada um com uma destinação, atualmente abrigam uma exposição relatando o cotidiano dos campos de concentração. As cenas são tão fortes que inúmeras vezes entrava nas salas e tinha um impacto tão violento que voltava de costas mesmo, respirava fundo, me preparava por alguns instantes para o que veria a seguir e só assim encarava as imagens novamente.

O estranho é que antes de ir para lá me imaginei tendo um choro desesperado e compulsivo, mas não, o que tive, e foi o tempo todo, foi um choro contido, choro de quem se entristece com a mediocridade humana, mas de quem sabe que infelizmente o seu choro não tem o poder de ressucitar nenhuma vítima (sábio conselho, Piveta!).

Outras vezes, me vi sem reação nenhuma. A brutalidade, violência e crueldade daqueles que fizeram o holocausto é tanta que chega a ser difícil acreditar que eram pessoas, seres humanos, gente com coração e sangue nas veias. Nesses momentos a reação é uma grande e providencial anestesia, vc apenas fica parada vendo, sem raciocínio algum, um enorme estado de choque, um "coma" que te protege de mais dor e sofrimento.

Outras vezes ainda, o sentimento que te toma é o de revolta. A minha vontade, ao ver a maquete de uma câmara de gás e ler que os alemães falavam para aqueles que em breve perderiam as suas vidas lá dentro que eles apenas tomariam um banho, foi a de destruir a vitrine onde a maquete se encontrava exposta, como que se destruindo a maquete eu pudesse destruir o que foi o holocausto, mas não tem jeito, já faz parte da nossa história, triste e medíocre página da história humana.

E quanto mais ando e vejo a exposição, mais aumenta a minha revolta e vontade de exterminar a raça humana, penso que Deus aquele que fez o homem à sua imagem e semelhança, se não se arrependeu da sua criação durante o holocausto, ao menos deve ter ficado muito, muito triste e decepcionado com a atitude de seus filhos.

Fico cada vez mais triste, chocada e revoltada, penso que à altura do holocausto, a melhor solução teria sido a destruição do mundo e o extermínio da humanidade. Entretanto, assustada com o meu pensamento, recuo um pouco na minha agressividade e violência, ao notar a semelhança e analogia do meu raciocínio com o raciocínio nazista, afinal na minha cabeça também estava matando um monte de inocentes. É preciso ter ponderação, apesar da permissividade da Igreja Católica e de grande parte da sociedade européia uqe colaborou com os nazistas, nem todos somos culpados pelo holocausto.

Enfim, tentando encerrar logo o texto, porque já escrevi demais acerca de um assunto que por hora desejo deixar em "stand-by", as atrocidades cometidas pelos nazistas chocam qualquer pessoa e fazem com que eu deseje ser portadora de uma "amnésia seletiva".

Os experimentos do Dr. Mengel; o transporte de pessoas que durava de 7 a 10 dias em vagões de carga sem qualquer alimento, ventilação; os trabalhos forçados; a injeção de veneno no coração das mulheres grávidas; a acomodação em estábulos; a dieta que definhava as pessoas; os cabelos raspados; a perda da identidade; as poucas ou nenhuma roupa em pleno inverno; os números tatuados nos braços; os castigos; os corredores de fuzilamentos; as caminhadas sem volta; as "caminhonetas"assassinas; as valas comuns para incineração de cadáveres; a morte pela fome, pelo frio, pela fadiga, pelas câmaras de gás...tudo ainda está presente em Auschwitz e Birkenau, lugares em que o nunca era dito pela expressão "até amanhã".

O ar é pesado e o cheiro é de morte. Achei que estivesse pronta para encarar Auschwitz e Birkenau, mas me enganei, ninguém está pronto para encarar o inferno.

Adorno disse que "escrever poesia depois de Auschwitz seria um barbarismo", aproprio-me do barbarismo e digo que ter orgulho de ser humano depois de Auschwitz é um barbarismo. Me enoja saber que sou da mesma espécie daqueles que fizeram o holocausto.

Mas enfim, é preciso acalmar as idéias, respirar fundo, organizar as emoções e pensamentos e tentar tirar alguma lição de todo esse sofrimento e seguir vivendo.

E embora seja o cheiro de morte o que mais me tenha impressionado em Auschwitz e Birkenau, ao encerrar este texto uma imagem não sai da minha cabeça. É a imagem de uma vela colocada sobre os trilhos de Birkenau, vela que apesar de toda a chuva e neve mantém-se inexplicavelmente acesa, talvez aquela chama seja uma forma de chamar a atenção para que não nos esqueçamos do que foi o Holocausto, talvez simbolize o milagre da vida que "teimosamente se fabrica" onde houve tanta morte, talvez a esperança de que o homem não repita os erros do passado, talvez a luz depois das trevas do holocausto, talvez tudo isso junto ou talvez nada disso. Não sei...enfim, Auschwitz mexe muito com a cabeça e o coração das pessoas.

Obrigada por me aguentarem,

beijos e até o ano que vem, não tenho coragem de desejar feliz natal e próspero ano novo após escrever sobre Auschwitz,

Pri Carmona

Sonho! Leste Europeu 6 - Cracóvia - dezembro de 2005

Pessoas! Os últimos! Depois desses só no ano que vem! Cris e Bi, porfavor me confirmem a data do baile de formatura, tá impossível achar passagem...

Enfim, ultrapassada a aventura de sair de casa sem encontrar cia ou ter o teto sobre a minha cabeça, a primeira providência é comprar um cartão para ligar para a família e avisar que estou bem, esqueci-me completamente deles e se bem conheço a minha mãe, melhor mandar notícias logos antes que a Interpol venha me buscar (Mi, Re, Gi, Ká, lembram do Guarujá?!)

Entretanto, como na República Tcheca, na Cracóvia também são raras as pessoas que falam inglês, depois de inúmeras tentativas, desisto da idéia de cartão telefônico, mando um email mesmo e começo meu dia de turista pelo Wawel Castle!

Wow! Que coisa linda! Em menos de 2 segundos cessa a dúvida que martelava a minha cabeça, questionando-me se não era melhor ter ficado mais em Praga e ter ignorado Cracóvia.

E se na minha cabeça já estava tudo bem claro, parece que os céus lêem os meus pensamentos e resolvem "selar" a minha certeza. Nesta hora, a neve, antes calminha e esparsa, torna-se densa, espessa e agitada. É a primeira vez que vejo a neve cair do céu (já a tinha visto quietinha, depositada sobre as serras) e se os simples foloquinhos brancos já são capazes de causar alegria em qualquer pessoa, a visão do Wawel Csatle por detrás daquela tempestade branca, me arranca algumas lágriams. "Vai ser chorona assim em Pequim!" Nessa hora mais uma vez olho para o céu e agradeço por ter sido abençoada com uma visão perfeita. Me emociono e faço um filme com a máquina fotográfica, na tentativa de eternizar esse momento!

Passo a manhã e parte da tarde visitando o Castelo. Perdida em salas abarrotadas de tapetes e porcelanas dos séculos XV, XVI, XVII, XVIII e XIX. Aprendo um pouquinho da história da Polônia, da II GM, me encanto com quadros de pintores italianos e flamencos, sobretudo, me deslumbro com as armas decoradas em madrepérola e madeira e ironicamente são estes instrumentos capazes de tirar a vida de alguém, conjugados com toda a beleza do castelo, que me dão mais ânimo e vontade de viver, ao atestar mais uma vez a extrema capacidade e genialidade do ser humano. "Como pode o homem construir tantas belezas?"

Saio do castelo e me esbaldo em um retaurante chinês (já estava farta de cachorros-quentes) e sigo para o Bairro Judaico. Visito uma Sinagoga, vejo uma expoisção sobre o holocausto e me dirijo à Praça Principal de Cracóvia.

No caminho a Igreja de São Pedro e São Paulo, belíssima por fora, mas já fechada àquela hora, me convence da necessidade de se retornar à Crcaóvia em uma outra oportunidade, rsrs.

Finalmente chego à Praça Principal, belíssima, com um mercado do sec. XVI no centro, a torre da Prefeitura em um lado e uma deslumbrante Catedral em outro. Lembro-me de Praga, a arquitetura é bem parecida e me apaixono mais um pouco pelo leste europeu.

Com todas as demais atrações fechadas (maldito horário de inverno) ando pela cidade. Paro em um café, tomo um chocolate quente, abro meu diário e começo a escrever à luz de uma vela. Falta apenas um cigarro para completar a cena e torná-la plasticamente perfeita, entretanto, como odeio o gosto do tabaco, o jeito é me contentar com o creme do chocolate quente mesmo..rsrs.

O tempo passa, a noite cai, 22 e pouco e resolvo ir para casa, torcendo para me perder pelo caminho e é exatamente isso que acontece!

Um pub na Praça Principal me chama a atenção pela música, entro e está tendo um show de Rock, sozinha, hesito em ficar, mas aí me lembro que não sei quando voltarei à Cracóvia, pego uma mesa bem no centro do pub, peço uma cerveja (diga-se de passagem a melhor que já tomei em toda a minha vida, Lech), curto o show, o ambiente e as pessoas e quando as luzes do esptáculo se acendem, volto para casa, feliz, muito feliz, exageradamente feliz por mais um dia perfeito.

E durmo pensando que tenho que retornar à Cracóvia.

Sonho! Leste Europeu 5 - Chegando em Cracóvia - dezembro de 2005

depois da overdose de ontem, apenas um hoje e os últimos 2 para finalizar amanhã...aí vcs terão folga da minha pessoa até no mínimo 06 de janeiro, que paraíso, hein!

Bom, depois da bebida com Kristina e cia., finalmente pego o trem para Cracóvia, morrendo de felicidade por ir sozinha em uma cabine para 6 pessoas, dessa vez, por falta de uma cama, eu tinha 6 à minha disposição.

Tranco a cabine e fico bem tranquila, estava morrendo de medo de dividir a cabine com algum louco, sei lá, uma coisa é viajar duas horas sozinha em um trem, outra coisa é uma noite inteira, 8 horas até Cracóvia.

Me sinto em casa, atualizo o meu diário (estou fazendo um diário de viagem desde fevereiro) e embora não tenha conseguido contactar a menina (dessa vez a amiga de uma conhecida) que me hospedaria em Cracóvia, cultivo uma paz que não é minha.

Talvez esteja finalmente aprendendo a lição que uma tia (Meire) tentou me ensinar quando veio me visitar, talvez esteja sendo influenciada por Morgan e toda a sua fé e teoria de que "o Universo conspira a nosso favor", enfim, não importa a maneira, o benefício é o mesmo e imenso.

Não sei, não se trata de fanatismo religioso, durante algum tempo não cri em nada, Deus era apenas mais uma palavra do vocabulário humano e a religião, mais uma invenção do homem. Nessa época a vida ficou extremamente difícil, foi terrível e doloroso destruir as crenças e referências dentro das quais eu havia sido criada e viver tornou-se quase "invivível".

Aí aprendi que era muito mais fácil crer em algo, uma força superior, Deus, Buda, Alá (não sei como escreve), enfim, chamem do que quiserem, e confiar que este Ser Superior está presente em todos os momentos e detalhes de nossas vidas. Ao menos, crendo nisso, some a sensação de desamparo, desespero, angústia, solidão e agonia de viver nesse mundo cada vez pior.

Enfim, chega de divagações, o fato é que mais uma vez "o universo" conspirou a meu favor e mal desci do trem em Cracóvia, um homem apareceu do nada, me oferecendo hospedagem.

Sozinha, às 5:30 da manhã em uma cidade desconhecida, onde quase ninguém fala inglês, sem um guia, sem um mapa e nevando, não hesito em aceitar a hospedagem oferecida e vou de carona com esse desconhecido até o local designado, vê-se que aprendi bem a lição "nunca fale com estranhos" que meus pais repetiram por toda a minha vida! Meu Deus, como dei trabalho aos meus anjos da guarda nessa viagem!

Wow!!! Que choque, que susto, o prédio em que se localiza o meu quarto é horroroso e está caindo aos pedaços. O homem estranho percebe o meu espanto diante daquela lastimável fachada e tenta me tranquilizar, dizendo que por dentro as condições são outras.

E realmente, o quarto em que fiquei era mais bonito do que meu quarto em Coimbra.

No dia seguinte, me espanto mais ainda, o prédio está em condições inenarráveis e inabitáveis, se fosse em SP certamente teria sido interditado pela vigilância sanitátria, contru e sei lá mais que órgãos.

Corro mais do que nunca ao descer as escadas que dão para a rua, morrendo de medo de que o prédio a qualquer hora desabe na minha cabeça ou que eu encontre cia (leia-se ratinhos) pelo caminho!

E essa é a minha primeira impressão de Cracóvia!

Sonho! Leste Europeu 3 - Simplesmente Praga - dezembro de 2005

Mais um, só faltam 3...

No dia seguinte, finalmente chego ao centro de Praga, não sem antes ouvir uns gritos do motorista do ônibus (eles realmente acham que quanto mais alto falarem, maior será a sua compreensão), sentar ao lado de um doido que roda a cabeça e fala sem parar e ficar impressionada com a quantidade de chapéus de pêlos que vejo, até parece que estou no meio de um filme russo!!

Mal saio da estação do metrô (além do bus, tb tive que pegar metrô) e me deparo com outro mundo.

Os prédios são lindos, de uma arquitetura única e colorida, fico deslumbrada, acho Praga divinamente bonita, isso sem nem mesmo ter chegado ao centro, lembro da personagem da novela que dizia "cada segundo é um flash", ajo muito pior do que turista japonês e tiro uma foto por cada passo.

Meu encantamento pela cidade é tanto, qie mal ando uns 500m, paro em um cyber café para mandar um email para minha mãe e duas amigas (Kle, foi nessa hora que li seu email), dizendo que estou completamente apaioxonada por Praga e que meu desejo naquele instante era que meus dois dias nesta cidade durassem uma eternidade (novamente ela) e que eu me perdesse pelas ruas de Praga.

E por um tempo é exatamante isso que faço. Abandono o guia turístico que levava em minhas mãos e ando sem destino, seguindo a rota da beleza arquitetônica dos prédios de Praga.

Chego à Torre da Pólvora e ao deslumbrante teatro que fica ao seu lado, me emociono, tiro mais fotos e minha empolgação é tamanha que cometo a extravagância de comprar um ingresso para o Concerto de Música Clássica que teria à noite.

Sigo andando cada vez ,ais deslumbrada, Praga é um encanto, decididamente a cidade mais linda em que meus pés já pisaram, volto ao guia e visito os locais indicados.

A Praça Principal da cidade é magnífica, um reloógio enorme e ricamente decorado nos oferece a hora, fases da lua, signos do zodíaco, estações do ano, temperatura...OK, exagero um pouco, mas o espetáculo do mesmo, nos quais os doze apóstolos se revezam em diferentes janelinhas, enquanto uma caveira dança, balançando os sinos, atrai uma multidão.

Praga está insuportavelmente lotada.

Visito o Museu Histórico Judaico, na verdade uma série de sinagogas e o impressionante cemiterio judaico com lápides sobrepostas, cruzo a charmos Charles Bridge e chego ao Franz Kafka Museum, simplesmente o máximo.

Descubro que o grande ídolo cultivava um enorme conflito entre o que era (advogado) e o que gostaria de ser!! Me identifico um pouco, na verdade muito, e até tiro uma foto da frase exposta!!

Por fim, para encerrar a noite, faço um lanchinho na Praça Principal e sigo ao Concerto de Música Clássica, 70 minutos em que minha alma é transportada a outro mundo, me emociono e nesse momento me empolgo, crendo que o melhor destino para a minha vida seria estudar música clássica, me mudar para Praga, passar os dias lendo e escrevendo e tocar em uma orquestra à noite, sonhos, delírios!

Momentos de imensa felicidade, sublimes!

No dia seguinte visito a região do Castelo de Praga, é tudo lindo, a Catedral de São Vito magnífico, a Basílica de São Jorge encantadora, tiro fotos em frente à casa onde Kafka viveu e vou a pé, curtindo a arquitetura da cidade, até a Praça Principal.

Neste momento me frustro um pouco, ao ver que todas as atrações que ainda pretendia visitar já estavam encerradas (esse horário de inverno é terrível).

Então curto mais um pouco a Praça, nesse dia estava havendo um show de jazz e decido, ao menos por fora, visitar o Mozart Museum. A seguir passo na "Dancing House", uma construção pós-moderna, obra conjunta de um aqruitetyo americano e um esloveno e me despeço de Praga tomando uma bebida com Kristina, um amigo tcheco e o casal alemão também do Hospitality Club que chegara no dia anterior para ficar hospedado na casa dela.

Como tudo que é bom dura pouco, meus dias nesse paraíso chegam ao fim, é preciso tomar o trem para ir para Cracóvia.

Como definiria a cidade?

Bem, é uma cidade magnífica, musical, encantadora, que com suas cores evoca os tempos felizes da infância. Por vezes me sinto no cenário de um conto-de-fadas.

Praga é um sonho, sonho que se tem acordada, sonho real e na falta de palavras que a possam descrevê-la, encerro dizendo que se Apolo, o Deus da beleza, música e poesia, não estivesse encerrado na Mitologia Grega, Praga certamente seria o seu lar!

É isso, beijos!

Sonho! Leste Europeu 3 - Chegando em Praga - dezembro de 2005

Continuando...sou exagerada mesmo.

Minha chegada à Praga é um pouco tensa!

À primeira vista acho a cidade horrorosa e o medo de não ter onde dormir, ainda não havia conseguido falar com a menina que toparar me hospedar, faz com que eu fique receosa.

Entretanto, o medo logo se dissipa, finalmente após umas 7 tentativas, acabo descobrindo como ligar para celular do telefone público e Kristina, que na verdaded não era amiga de nenhuma amiga minha (desculpa a mentira, mãe, foi para te poupar de qualquer preocupação), mas sim uma cadastrada do Hospitality Club, site amigo de quem gosta de viajar muito, gastando pouco, combina de me pegar na estação do metrô.

15 minutos depois, finalmente encontro minha anfitriã, ela me recebe sorrindo e fico feliz por ela realmente ser uma mulher, não ser uma farsa ou um maluco qualquer tentando atrair vítimas para cometer atrocidades!

Vou de carona para o ap. dela, continuo achando a cidade horrorosa, minha anfitriã se mostra cada vez mais simpática e finalmente chegamos à sua casa, um ap sem paredes, com divisórias de plástico, parece mais um trailer (sei lá como escreve) de higiene um pouco duvidosa, mas quentinho e com uma cama de verdade em um quarto separado me esperando.

Nessa noite durmo mais feliz do que nunca, decididamente adiro à frase de Morgana (uma p...amiga minha), "o universo conspira ao meu favor" e porque não dizer Deus no lugar de universo?

Tomo um banho e me deito agradecendo ao Mesmo pela casa e pela ótima anfitriã.

O dia seguinte será longo, é preciso recarregar as baterias!

Sonho! Leste Europeu 2 - Indo para Praga - dezembro de 2005

Continuando...

Apesar da falta de planejamento e do pouquíssimo tempo de viagem, decididamente a minha viagem para o Leste , quer dizer, parte dele, foi a melhor da minha vida.

Primeiro porque sempre foi meu sonho ir para o leste, segundo porque fui sozinha, o jeito que mais gosto de viajar (Morgans, pra vc eu abro uma exceção, com prazer), terceiro porque a ausência de pessoas que falam inglês na região, bem como as diferenças e peculiaridades da mesmo, em relação ao resto da Europa, fazem de qualquer "simples" viagem, uma verdadeira aventura.

Novamente tive que fazer escala em Londres, desta vez o tempo de permanência no aeroporto foi bem maior, 16 horas no total, mas o alto custo para ir para o centro de Londres e o fato de uma libra ser quase uma fortuna no leste europeu, fez com que eu literalmente "capotasse" no aeroporto.

Cheguei às 23:30 e timidamente estendi meu saco de dormir no chão, um pouco com vergonha, um pouco com receio e um pouco com excitação, dormir no chão do aeroporto sozinha fez com que eu revivesse os meus tempos de adolescência, quando planejava fugir de casa com a Letícia (saudades, te amo!) para ir para o Guarujá ou simplesmente para dormir escondida em um grande supermercado, comendo de tudo um pouco, ou em uma grande loja de departamentos, experimentando todas as roupas, perfumes, jogando video game...

Dou risada de meus pensamentos, inclusive o de que minha avó materna teria um infarto se me visse "largada" no chão do aeroporto. Aos poucos me sinto mais à vontade, tiro minhas botas, minha blusa e durmo tranquilamente até as 4 e pouco.

Nessa hora acordo com a risada de inúmeros italianos, durante este tempo devo ter me virado algumas vezes, de maneira que do cantinho estratégico, passei para o meio da fila do check-in do vôo que ia para Roma!!!

Minha preocupação é tanta que dou mais 3 voltas enrolada no saco de dormir e volto à minha soneca. Mas a essa hora a barulheira é enorme e meu sono bem superficial, acordo, ando pelo aeroporto e encontro um lugar mais escondido e durmo de novo. Dessa vez, feito pedra ou anjo, de acordo com a preferência do leitor, e só acordo às 9:30 da manhã, cutucada por um segurança do aeroporto.

"Nossa, dormi mesmo! E que sono ótimo!". Lembro-me do conselho de uma tia (Marly) quando eu era adolescente e estava odiando passar o carnaval na casa da namorada do meu pai (decididamente adolescente e namorada de pai não combinam), "é preciso saber fazer de um limão muito azedo, uma gostosa limonada" e foi o que fiz, de um chão frio e um lugar barulhento a uma ótima cama e noite de sono.

A manhã passa voando e finalmente após o almoço, pego o vôo para BRNO, cidade na República Tcheca.

Dessa vez, pela primeira vez, o avião um pouco velho me dá medo, mas ok, estou tão feliz com a viagem que embarco sorrindo.

Chegando a BRNO, os muitos centímetros de neve na pista do aeroporto, o frio cortante, as luzes do banheiro que não se acendem por sensores, o papel higiênico cinza "lixa", o aeroporto quase do tamanho da edícula da minha casa (tá, sou um pouco exagerada) e o idioma pra lá de enrolado anunciam as boas vindas ao Leste Europeu, definitivamente uma viagem bem diferente.

Pego um ônibus até a rodoviária (até aí foi fácil porque a mulher do turismo falava inglês) e sofro na estação de ônibus. Ninguém fala inglês, pior, se irritam por não te entenderem e vc a eles, berram na tentativa de falar alguma coisa, rostos rudes, expressões agressivas, fala mal educada, placas em tcheco...é preciso ser mágica e fazer muita mímica para compreender e ser compreendida, mas finalmente acho o ônibus que vai para Praga.

O ônibus também é velho. O espaço para a bagagem minúsculo, sofro para colocar o saco de dormir no lugar para tanto designado, a frasqueira boliviana emprestada de uma amiga que incrivelmente serviu de mala para as minhas roupas (lembram que a minha se estourou na Holanda?) vai nos meus pés mesmo.

Minhas pernas vão dobradas, 3 horas e meia até o destino final, chegarei manca, sem pernas, o que for, mas plagiando a propaganda do Mastercard, chegarei feliz, existem coisas que o dinheiro não compra e a alegria de chegar em Praga com muletas é uma delas!

daqui a pouco tem mais! beijos!

Sonho! Leste Europeu 1 - Indo para Praga - dezembro de 2005

Queridos!

Desculpem-me, às vezes me empolgo tanto que perco o bom senso. E é extamente isso que está acontecendo agora. Acabo de voltar do paraíso e gostaria de dividir a minha alegria e experiências com todos vcs.

Entretanto, como a empolgação é imensa e os detalhes inúmeros, acabei fazendo uma série de 6, 7 emails, esse já é o primeiro, quem não quiser recebê-los, porfavor me avise, ou simplesmente ignore os mesmos, ok?

Quem, ao contrário, optar pela leitura dos mesmos, garanto que terá ao menos algumas risadas e no final, acho que nem fica tão pesado assim, porque só voltarei a mandar noticias ano que vem. Então tá, vamos começar!

A minha viagem para o Leste europeu, ou melhor, parte dele, começou como um susto, um espirro, quer dizer, sempre tive vontade de conhecer esta +arte da Europa, mas não imaginava que seria dessa vez, aliás, pra falar bem a verdade não era para ter sido.

Entretanto, adepta da filosofia de que só se vive uma vez na vida, sempre tento mais, quero mais, às vezes tenho a impressão até de ser insaciável, é preciso ter freios, mas os meus sonhos me puxam.

E assim comprei a minha passagem, em um impulso, um momento de desespero, um hacker havia acabado de roubar a senha do meu c.c pela internet, dentro de instantes eu teria que cancelá-lo e ficaria sem cartão por sabe lá quanto tempo. Comprá-la no mês seguinte seria impossível, o limite do meu cartão já estava totalmente planejado, era naquele momento ou "nunca" e como "nunca" estava distante demais para mim, um click no mouse selou o início da realização de mais um sonho.

Abre parênteses - é muito privilégio para uma única pessoa, decididamente e cometendo um enorme clichê, ouso dizer que 2006 sai do calendário para marcar o resto da minha vida. Fecha parênteses.

E fecha o email ta,bém, dizendo que como todas as decisões tomadas sem pensar, a minha decisão não foi muito boa. O fato de novamente ter que fazer escala em Londres e de eu não querer perder mais aulas (já perdi 3 semanas, duas por causa do Brasil e outra por causa da Holanda) fez com que minha viagem ficasse mal planejada, 2 dias gastos em deslocamentos e apenas 3, em turismo, posteriormente aumentados para 4 com a troca da minha passagem de volta.

Ok, esse foi o planejamento ou a falat dele para a minha viagem.

No próximo email conto mais!

beijos,

Pri

Simplesmente Holanda - novembro de 2005

Pessoas Queridas!

Façam uma pausa no trabalho, estudos, cotidiano, enfim o que estiverem fazendo e imaginem um mundo perfeito, onde as pessoas são bonitas, felizes e educadas, a democracia prevalece, a diversidade é estimulada e a natureza convive em harmonia com a civilização. Imaginaram?

Ok, então parem de sonhar, um mundo perfeito não existe, mas posso jurar que a Holanda chega bem perto disso!

O mais engraçado é que embora esse país exerça um fascínio enorme nos jovens e adolescentes, sobretudo por causa dos famosos coffe shops, prostitutas expostas em vitrines e pessoas muito bonitas, eu nunca tive a menor vontade de conhecê-lo.

Mas o medo de passar meu aniversário com pessoas chatas (não sabia quem iria conhecer esse semestre), fez com que eu fosse para Holanda, país em que mora Margreet, uma amiga linda, que certamente tornaria o meu aniversário um dia muito especial. Nunca escolhi tão bem!

E resumindo muito os meus dias nesse país, porque a minha empolgação é imensa e escreveria 700 páginas sobre o mesmo, só tenho a dizer que, depois de chorar de tristeza no esconderijo da Anne Frank, ser expulsa do Van Gogh Museum porque estava na hora de fechá-lo e eu não queria sair daquele lugar de jeito nenhum, me apaixonar por Delft, chorar de tanta alegria em Haia (tenho surtos de felicidade, quando estou viajando), abraçar o Sinter Klass, ficar boba com as prostituas expostas em vitrines na Red Line District, bater ponto no Bulldog, chorar (mais uma vez de tristeza) no teatro em que os judeus eram mandados antes de serem deportados para os campos de concentração, passar 7 dias com os pés congelando, porque a minha bota supostamente impermeável deixava os meus pés encharcados diante das chuvas e neve, entre outros, estou apaixonada por aquele país!

Completamente apaixonada, razão pela qual preciso muito encontrar um curso para fazer na Holanda!

Mas calma, volto para o Brasil em janeiro ou fevereiro para não perder as duas faculdades e depois o mundo é o meu destino! Que delícia, não vejo a hora...delírios, sonhos, devo ter passado muito tempo em Amsterdam, brincadeira.

Beijos com toda a minha empolgação!

Ainda ontem me belisquei para ver se tudo que estava acontecendo na minha vida era real, bom demais para ser verdade!

Pri Carmona, cada vez mais no mundo da lua

Isso que é níver! Indo para a Holanda - novembro de 2005

Pessoas!

Meu presente de aniversario comecou a ser preparado na terca a noite, ja que nao ha trens que ligam Coimbra ao Porto de madrugada e meu voo saia cedinho no dia seguinte.

Cheguei ao Porto la pelas 23 e tanto decidida a dormir no aeroporto, estava com saco de dormir e tudo, mas pra la de Bagda, sem voz, ruim, consequencias de quem atolou o pe na jaca no sabado, acabei optando por uma pensao, pensando que era melhor me cuidar para nao piorar. Ledo engano peguei o quarto mais barato e supresa, era o hall da saida de incendio transformado em uma suite, resumindo, dormi entre duas portas corta-fogo e acordei muito resfriada, alem de muda.

Mas enfim...fui para o aeroporto, peguei meu voo e 12 e pouco ja estava em Londres, o jeito mais barato de viajar por aqui...A intencao era passar o dia em Londres e pegar o voo a noite para o meu destino final, mas chegando la vi que iria sair mais ou menos uns 40 euros so para ir ate o centro e voltar..., abri minha carteira, olhei para as cadeirinhas do aeroporto e elas nunca me pareceram tao confortaveis!

8 horas de aeroporto e um sanduiche triangulo de camarao, bacon e frango, blargh, achei que as 3 linhas no rotulo se referiam apenas ao frango e as suas qualidades, ja que a unica palavra que reconhei no vocabulario foi chicken e...blargh, o que nao mata engorda.

Finalmente depois de um voo, 8 horas de espera e outro voo de mais uma hora, as luzes multi-coloridas da pista de embarque e desembarque, as tulipas desenhadas nas portas dos banheiros do aeroporto, os sofas em forma de boca que mais pareciam ter acabado de sair do Museu do Salvador Dali, o guarda muito gato, loiro de olhos verdes e super simpatico da fronteira que ficou tirando sarro da minha cara ao constatar que era brasileira, estava com um passaporte espanhol e morava em Portugal...indicavam.... Amsterdam, uhu, cheguei!!!!!!!!!!!!!!

Que alegria, reencontrei Margreet, que me fez de boba e com o pretexto de me ensinar holandes fez com que eu ficasse repetindo feito em voz alta dentro do trem e onibus, a querida frase, "ola, eu sou cabecao!"(apelido carinhoso que ela me deu em Coimbra), achei que as pessoas estava morrendo de rir do meu staque pra la de desengolcado, mas nao, era da ridicula situacao.

Chegando em Utrecht, a alca da minha malinha nobre arrebentou e tive que carrega-la no braco, saudade do mochilao da val que esqueci no Brasil...Enfim, finalmente casa da Margreet, me apresentei a todos dizendo "ola, eu sou cabecao" e fui super bem recebida com parabens em holandes, quer dizer, espero que seja isso mesmo, ne, depois do "ola, eu sou cabecao", da pra desconfiar um pouco!

eh isso, dormi em um mega colchao de ar enfeitado com dois ursos, meigo demais e acordei com chazinho na cama...perfeito, agora como presente de aniversario estamos indo para Amsterdam!

beijos!

Dormindo na praça! Londres - maio de 2005


Olá, Pessoas Lindas!!!

E eu que achava que fazer o Caminho de Santiago sozinha seria a maior loucura/aventura da minha vida é porque eu não sabia o que me esperava na minha primeira noite em Londres.Mais uma vez o email ficou muuuiiiittttttttttoooooo longo, mas acho que quem conseguir chegar até o final vai dar, ao menos, umas risadas.

Desde Portugal essa viagem já estava me dando dor de cabeça. Isso porque sempre todo mundo tem um amigo, um parente em Londres que pode te receber, mas quando chega na hora "do vamos ver", todo mundo foge e, inevitavelmente, você acaba ficando na mão.

Iria embarcar na quarta à noite e passei a tarde de terça-feira procurando albergues na internet. Não fica difícil imaginar que, aos 45 minutos do segundo tempo, já estava tudo lotado, óbvio.Achei apenas 3 albergues, bem toscos, todos com o mesmo preço e acabei escolhendo o que ficava "mais perto" do centro de Londres e que tinha uma aparência um pouco mais agradável.

Saindo de Portugal, depois de fazer uma verdadeira via sacra (onibus, comboio, onibus...) para chegar até o Aeroporto do Porto , tive o meu primeiro problema. A Sra. da alfândega cismou com o meu passaporte espanhol (ele está um pouco acabado porque tomou chuva no Caminho de Santiago de Compostela) e dificultou a minha saída.Fiquei tão apreensiva, com medo de não conseguir entrar em Londres, que não tive dúvida, peguei a bíblia - Crime e Castigo - Dostoievski - que estava na minha mochila, coloquei o passaporte no meio e fui sentada em cima do livro durante as duas horas de vôo!!

Cheguei um pouco quadrada em Londres, mas, com o meu passaporte bem mais apresentável, entrei naquela cidade sem problemas.Cheguei em Stansted, aeroporto muito afastado do centro, na primeira hora do dia 5, e me surpreendi, porque me virei muito bem com o meu inglês tupiniquim e às 3:00, depois de pegar 3 ônibus, já estava na porta do Albergue, só que...O mesmo estava fechado.

Sim, fechado! Ao fazer a reserva pela internet, onde dizia que a recepção do albergue funcionava 24 horas, avisei que chegaria na madrugada do dia 5, só que eles devem ter esquecido. Conclusão, fiquei no meio da rua, na madrugada, com uma mochila gigante nas costas e sem ter para onde ir.

Em volta do albergue, duas opções, um mercadinho e um escritório de rádio táxi.Fui ao mercadinho, expliquei a minha situação aos dois homens que estavam no caixa, um indiano e o outro, um negro vestido como rapper, que me disseram para eu deixar a minha bagagem lá embaixo e subir e dormir em um quartinho que eles tinham lá em cima.

Pensei 3 segundos e achei melhor ir embora, imagine, eu, uma "gringa" sozinha e com dois homens completamente desconhecidos. Primeiro eles fariam a festa com as minhas coisas e depois comigo, tô fora, agradeci a ajuda e fui ao escritório de rádio táxi.

Chegando lá, encontrei uma sra.loira, Marie, de uns cinquenta anos que ficou bem preocupada com a minha situação, tentou ligar para o albergue mais umas 3x (eu também já havia ligado zilhões de vezes) e como ninguém atendia, me disse para que eu passasse a noite lá. Um verdadeiro anjo.

Passei a primeira hora na recepção, mas quando deu umas 4:30 ela me obrigou a entrar na salinha onde ficavam os taxistas, porque me disse que aquela zona era repleta de refugiados e imigrantes ilegais e frequentemente alguém era assaltado/violentado lá. Bom o lugar que escolhi!!!

Entrei na dita salinha e passei a noite ao lado de uns 6 taxistas, todos africanos, com um sotaque super carregado (não entendia quase nada do que eles falavam), e bem parecidos com aquele ator negro enorme que fez "A espera de um milagre".

Para ajudar, o programa que eles resolveram assistir era igual ao Linha Direta, então imaginem o meu desespero, depois da Marie já ter me dito que aquela era uma das zonas mais perigosas de Londres!!

Só para ajudar mais um pouquinho, estava muito,muito frio e eu não tinha mais roupas para vestir, às vezes o meu corpo até tremia e no auge do meu desespero me lembrava daquela música "ótima" do Bruno e Marrone, "Eu dormi na Praça" e tinha ataques de riso, vendo a minha situação.

Finalmente amanheceu, pude entrar no albergue, cancelei todos os outros dias e resolvi passar os demais dias na casa do Paulinho, um conhecido da família (eu nem o conhecia, cara-de-pau total), que apareceu na própria quarta, dia em que embarquei, e se dispôs a me receber. Daí em diante a minha viagem foi um sonho.

Como todas as cidades grandes, Londres também tem um lado caótico e algumas regiões bem feias, sujas e repletas de pichações. Entretanto a magnitude de locais, como a Catedral de St. Paul, Buckingham Palace, Abadia de Westminster, Torre de Londres, British Museum, National Gallery, Parlamento, Tower Bridge...acaba fazendo com que a feiura e sujeira de algumas regiões acabe desaparecendo.

Londres também é repleta de imigrantes, acho que deve ter mais imigrantes do que ingleses mesmo, de maneira que fique impossível vc conseguir estabelecer a identidade visual de um inglês, como vc consegue fazer em outros países. E acho que essa mistura é que a torna tão única e rica.

Passei cinco dias respirando arte e cultura e correndo feito louca para conhecer tudo o que queria. Saía de casa às 9:00 e só voltava às 23:00, 23:30. E, embora o metrô de Londres seja bem feio, o transporte público, de uma maneira geral, é bem eficiente e acaba fazendo com que o deslocamento na cidade seja fácil e tranquilo.

O engraçado é que, às vezes, para fazer baldeação entre uma estação de metrô e outra, você anda tanto por "debaixo da terra", que o caminho acaba sendo mais curto se vc sai do metrô e o faz a pé. A sensação com a qual fiquei é que existem duas Londres, uma na superfície e outra no subsolo. Diversas vezes me senti andando naqueles túneis das Tartarugas Ninjas, a vantagem é que quanto mais próximo do centro, tais túneis vão ficando repletos de artistas e, enquanto vc anda para fazer baldeação, você acaba ouvindo muita música boa e variada, de tudo, blues, jazz, rock e até música clássica.

Vocês não tem noção da minha alegria no dia que conheci o Parlamento, onde fica o famoso Big Ben, a Abadia de Westminster e, quando estava indo para a London Eye, "esbarrei" no Museu do Salvador Dalí, que queria conhecer desde que comprei um guia de Londres, aqui em Coimbra mesmo. Passei umas 4 horas no museu, admirada com a genialidade do "cara".

Vivi 5 dias tão mágicos que fica praticamente impossível descrever a minha viagem em um email, a única coisa que posso dizer é que fiquei maravilhada ao visitar lugares que achei que jamais visitaria e ver obras de artistas tais quais Van Gogh, Salvador Dalí, Michelangelo, Leonardo da Vinci, Renoir, Monet, Picasso, Andy Wharol, Caravaggio, Matisse...que achei que jamais veria ao vivo.

Por fim, para fechar a viagem com chave de ouro, na última noite fui assistir ao Fantasma da Ópera, fiquei sem palavras e com os olhos cheios de lágrimas.Enfim, embora tenha passado a minha primeira noite quase na rua, tenha comido sanduíches os 5 dias (fui ao mercado) porque Londres é muito, muito, muito cara e agora tenha a consciência de que comerei miojo o resto do mês, porque gastei o que podia e o que não podia, valeu a pena, não só porque Londres é uma cidade que vale a pena por si só, mas também porque realizei um sonho, o que não tem preço e valeria a pena, ainda que eu tivesse que comer pão com pão para o resto da minha vida! (acho que exagerei um pouco)

É isso,

beijao para todos,

Saudades,

Pri Carmona

Impressoes de um caminho - Caminho de Santiago - março de 2005


Personas Lindas!!!

O texto ficou um pouco comprido, mas se tiverem paciência de ler, creio que vale a pena.

A minha viagem da Semana Santa teve início no sec. IX, quando um habitante da atual Santiago de Compostela, e o Bispo de Iria Flavia, cidade a 20 Km de Santiago, intrigados com a chuva de estrelas que toda a noite caía no mesmo lugar, ordenaram a escavação daquele local e encontraram a ossada de Tiago, um dos apóstolos de Jesus Cristo, decaptado séculos antes em Jerusalém. Naquele local foi erguida uma capela e desde então, todos os anos, inúmeras pessoas rumam de diversos pontos da Europa para Santiago, fazendo o famoso caminho, já reconhecido pela Unesco como rota cultural da humanidade.

Aproximando-se um pouco mais da atualidade, em 1997, quando fui para a Espanha pela última vez, o homem que sentou-se do meu lado no avião, estava indo fazer o Caminho e falou horas e horas do mesmo, até então, eu, com 14 anos, não entendi nada e achei uma tremenda loucura andar tantos quilômetros para chegar a uma "cidade qualquer".

2005 - Semana Santa, não tinha idéia do que fazer até ouvir a Thaís, da especialização, dizer que iria fazer o caminho. Não tive dúvidas, aquele seria o meu destino, motivada antes de mais nada por um espírito de aventura, mesmo porque, embora tenha tido uma criação religiosa, fui ensinada a crer apenas em Deus, razão pela qual a falta de fé nos Santos jamais justificaria a minha viagem.

Uma verdadeira loucura, já que não fiz nenhum condicionamento físico para o caminho, tampouco tinha ropuas e calçados adequados para a viagem, entre outros.

Saí de Coimbra com mais 4 pessoas, entretanto logo no primeiro dia uma desistiu da viagem e o fato das demais discordarem da minha intenção de parar em todos museus, igrejas e demais monumentos que se encontrassem no caminho, fez com que eu optasse por fazer a viagem completamente sozinha.

Então, saí feliz da vida, do jeito que sempre sonhei, com a cara e a coragem, uma mochila nas costas, algumas indicações de por onde começar o caminho e seguindo a filosofia de que só se vive uma vez, razão pela qual deve-se viver cada dia como se o último fosse.

A viagem é uma delícia, parece brincadeira de caça ao tesouro, a diferença é que dessa vez tem-se a possibilidade de conhecer diversas regiões e reviver parte da história da humanidade. É muito engraçado, sai-se pelas ruas das cidades seguindo flechas e conchas amarelas que indicam a rota a ser perseguida até Santiago.

Vou abster-me de descrever o caminho, mesmo porque um email seria pouco e injusto para tratar de tanta beleza, ater-me-ei apenas a narrar a distância percorrida, 20, 25 km diários em média, e a dizer que por ter cometido vários erros de principiante, fiz metade do caminho com meus pés cheios de bolhas, com a perna esquerda mancando e sobrevivendo às custas de analgésicos e relaxantes muscular.

Às vezes a estafa física e/ou mental é tanta que você parece perder um pouco a razão. No 2º dia, exagerei na dose, andei 37 Km, de modo que nos últimos 10 Km, comecei a "viajar", achar, por exemplo que um pássaro preto de bico amarelo, que aparecia e desaparecia reiteradas vezes, era um anjo que estava me guardando; lembrar que Tiradentes havia sido enforcado, Che Guevara, fuzilado e Cristo, crucificado, razão pela qual deveria suportar as dores que sentia e seguir em frente sem reclamar - nada a ver - entre outros. A Thaís também teve um desses momentos e chegou à conclusão de que os aviões, via de regra, não caem porque possuem a forma de um crucifixo!!!

Embora a intenção inicial não fosse fazer uma viagem de cunho religioso, por vezes o desespero e a dor ou ainda a beleza dos lugares pelos quais se passa são tão grandes que, inevitavelmente, eleva-se o pensamento ao céu, clamando por força para terminar a etapa daquele dia ou agradecendo-se pelo fato de se gozar de boa saúde, perfeição física e a oportunidade de se fazer aquela viagem, de modo que acabei tendo a minha espiritualidade imensamente reforçada.

Assim, depois de 6 dias de caminhada árdua, chega-se a conclusões interessantes - que, às vezes, a loucura, insanidade é a oportunidade perfeita para se resgatar o equilíbrio e sanidade tantas vezes afetados pelo caos da vida moderna; que o silêncio é o melhor momento para dar ouvidos à nossa voz interior, tantas vezes ignorada e abafada na correria do dia-a-dia; que a solidão é oportunidade não apenas para conhecer outras pessoas, mas, sobretudo, para conhecer a pessoa que mais importa e a qual muitas vezes não damos a devida importância - você.

Por fim, após inúmeros quilômetros de superação de limites físicos/psicológicos e adversidades, fortalecimento da espiritualidade, reflexão, auto-conhecimento...posso dizer que fiz uma viagem maravilhosa, descobri não apenas regiões da Espanha pelas quais jamais havia passado, mas, sobretudo, uma pessoa muito mais forte da que eu julgava ser, de maneira que chega-se à conclusão (perdoem-me o clichê) de que o céu não mais é o limite, mesmo porque, ao longo do caminho, vive-se emoções tão intensas e passa-se por regiões tão magníficas que tem-se a impressão de tê-lo alcançado algumas vezes.

Os últimos quilômetros duram uma eternidade, eternidade essa que, obviamente, fiz com os olhos cheios de lágrimas, não apenas pela tristeza do fim de uma etapa tão boa da minha vida, pela alegria de se alcançar o objetivo maior, chegar a Santiago, mas, sobretudo, por saber que aquele caminho que, aos 14 anos, julguei ser tremenda loucura, agora fazia parte da minha história de vida!

É isso, saí de Coimbra querendo viver uma aventura e acabei vivendo a experiência mais edificante da minha existência.

Santiago é maravilhosa, fiquei dois dias e meio na cidade, fui à Finisterra no meio dia faltante, e ainda assim saí com a impressão de que faltou conhecer muita coisa. Se der tempo, ainda volto para lá.

Bom, quem quiser me acompanhar, meu próximo objetivo é fazer o Caminho Francês - 800 Km!

Beijos a todos e saudades,

Pri Carmona

Ah, à minha mãe, pai, e irmão fica o meu pedido de desculpa por ter mentido para vcs, mas se vcs já ficaram preocupados com a minha falta de notícia, pensando que eu estivesse viajando acompanhada, imagine se soubessem que eu estava sozinha!

PS: Wi/Meroca, será que vcs podem salvar este email para mim e, se ainda tiverem, os demais que mandei anteriormente, gostaria de ler todos no meu regresso ao Brasil.