terça-feira, 27 de outubro de 2009

Sonho! Leste Europeu 2 - Indo para Praga - dezembro de 2005

Continuando...

Apesar da falta de planejamento e do pouquíssimo tempo de viagem, decididamente a minha viagem para o Leste , quer dizer, parte dele, foi a melhor da minha vida.

Primeiro porque sempre foi meu sonho ir para o leste, segundo porque fui sozinha, o jeito que mais gosto de viajar (Morgans, pra vc eu abro uma exceção, com prazer), terceiro porque a ausência de pessoas que falam inglês na região, bem como as diferenças e peculiaridades da mesmo, em relação ao resto da Europa, fazem de qualquer "simples" viagem, uma verdadeira aventura.

Novamente tive que fazer escala em Londres, desta vez o tempo de permanência no aeroporto foi bem maior, 16 horas no total, mas o alto custo para ir para o centro de Londres e o fato de uma libra ser quase uma fortuna no leste europeu, fez com que eu literalmente "capotasse" no aeroporto.

Cheguei às 23:30 e timidamente estendi meu saco de dormir no chão, um pouco com vergonha, um pouco com receio e um pouco com excitação, dormir no chão do aeroporto sozinha fez com que eu revivesse os meus tempos de adolescência, quando planejava fugir de casa com a Letícia (saudades, te amo!) para ir para o Guarujá ou simplesmente para dormir escondida em um grande supermercado, comendo de tudo um pouco, ou em uma grande loja de departamentos, experimentando todas as roupas, perfumes, jogando video game...

Dou risada de meus pensamentos, inclusive o de que minha avó materna teria um infarto se me visse "largada" no chão do aeroporto. Aos poucos me sinto mais à vontade, tiro minhas botas, minha blusa e durmo tranquilamente até as 4 e pouco.

Nessa hora acordo com a risada de inúmeros italianos, durante este tempo devo ter me virado algumas vezes, de maneira que do cantinho estratégico, passei para o meio da fila do check-in do vôo que ia para Roma!!!

Minha preocupação é tanta que dou mais 3 voltas enrolada no saco de dormir e volto à minha soneca. Mas a essa hora a barulheira é enorme e meu sono bem superficial, acordo, ando pelo aeroporto e encontro um lugar mais escondido e durmo de novo. Dessa vez, feito pedra ou anjo, de acordo com a preferência do leitor, e só acordo às 9:30 da manhã, cutucada por um segurança do aeroporto.

"Nossa, dormi mesmo! E que sono ótimo!". Lembro-me do conselho de uma tia (Marly) quando eu era adolescente e estava odiando passar o carnaval na casa da namorada do meu pai (decididamente adolescente e namorada de pai não combinam), "é preciso saber fazer de um limão muito azedo, uma gostosa limonada" e foi o que fiz, de um chão frio e um lugar barulhento a uma ótima cama e noite de sono.

A manhã passa voando e finalmente após o almoço, pego o vôo para BRNO, cidade na República Tcheca.

Dessa vez, pela primeira vez, o avião um pouco velho me dá medo, mas ok, estou tão feliz com a viagem que embarco sorrindo.

Chegando a BRNO, os muitos centímetros de neve na pista do aeroporto, o frio cortante, as luzes do banheiro que não se acendem por sensores, o papel higiênico cinza "lixa", o aeroporto quase do tamanho da edícula da minha casa (tá, sou um pouco exagerada) e o idioma pra lá de enrolado anunciam as boas vindas ao Leste Europeu, definitivamente uma viagem bem diferente.

Pego um ônibus até a rodoviária (até aí foi fácil porque a mulher do turismo falava inglês) e sofro na estação de ônibus. Ninguém fala inglês, pior, se irritam por não te entenderem e vc a eles, berram na tentativa de falar alguma coisa, rostos rudes, expressões agressivas, fala mal educada, placas em tcheco...é preciso ser mágica e fazer muita mímica para compreender e ser compreendida, mas finalmente acho o ônibus que vai para Praga.

O ônibus também é velho. O espaço para a bagagem minúsculo, sofro para colocar o saco de dormir no lugar para tanto designado, a frasqueira boliviana emprestada de uma amiga que incrivelmente serviu de mala para as minhas roupas (lembram que a minha se estourou na Holanda?) vai nos meus pés mesmo.

Minhas pernas vão dobradas, 3 horas e meia até o destino final, chegarei manca, sem pernas, o que for, mas plagiando a propaganda do Mastercard, chegarei feliz, existem coisas que o dinheiro não compra e a alegria de chegar em Praga com muletas é uma delas!

daqui a pouco tem mais! beijos!

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